quarta-feira, 27 de março de 2013

Na praça, em casa.


Fica menina, fica comigo, só eu e você aqui, parados. Quando alguém passar a gente grita uma bobeira ou faz careta, ninguém liga muito pra essas coisas. Isso que é o bom da coisa, seremos um tanto ignorados, ou tido como loucos. E não te darei quase nada, mas a gente pode dar boas risadas, topa?
Aleluia!

Foto: Praça Xavier de Brito - Tijuca - Rio de Janeiro/RJ - Brasil.

domingo, 24 de março de 2013

Ao Amor e Fim.


Amor, sempre estranho amor, que foi inventado, e nem sei pra quê?
Amor, sempre estranho amor, que me foi dado sem pedir, inda eu tenho que entender.
Amor, sempre estranho amor, que convivo, as vezes sem nem saber.
Amor, sempre estranho amor, que quase me capa o fato consumado em mente, quando ela me diz: amor, só faço por amor.

Foto: Nada com nada. É uma árvore morta e o céu, que é seu e meu.

quarta-feira, 20 de março de 2013

Sonho real




Sonhei com uma pessoa me acordando, acordei dentro de outro sonho, e isso por oito vezes. A pessoa era sempre a mesma, mas aparecia sempre diferente, cabelos pretos, loiros, careca, magrela, gostosa... em corpo de mulher.
E ao acordar do derradeiro sonho, voltei para a ilusão de certas coisas do viver.

quinta-feira, 14 de março de 2013

Dia da Poesia



É meio estranho dia pra tudo. Pai, mãe, criança, avô, avó, velho, nossas e nossos senhores e senhoras; e outros tantos e tantos, que falta saco para enumerar. Que seja, todo dia é dia de alguma coisa, e hoje, como não poderia ser diferente, é dia da poesia.

O dia me fez lembrar uma história, que me foi contada pelo Prof. de portuga Arcela, em sábado onde tomávamos uns goles na casa da Torre, e entre uma música e outra (ele tocando violão), conversávamos.

Disse ele que certa feita, alguns bons bebuns perambulavam pelas ruelas de Campina Grande/PB a fazer serenatas para as deliciosas virgenzinhas, após tantas, a polícia enquadra os camaradas, e no final das contas, ou músicas, o violão ficou detido. Foi aí que a turma recorreu ao recente formando em advocacia, o nobre poeta Ronaldo Cunha Lima, que ele peticionasse ao Juiz a volta do violão. E o poeta soltou o "Habeas Pinho".

Como se não bastasse a faceta, o poeta teve a resposta em versos. As quais seguem abaixo.

OBS1: Na foto, violão e cavaquinho, que dormem por aqui. O cavaco, como pequeno, fica no berço.
OBS2: Ano passado um Delegado fez algo parecido e levou uma bronca.


Exmo. Sr.
Dr. Artur Moura,
Meritíssimo Juiz de Direito da 2ª Vara desta Comarca,

O instrumento do crime que se arrola
Neste processo de contravenção
Não é faca, revólver nem pistola.
É simplesmente, Doutor, um violão!

Um violão, Doutor, que, na verdade,
Não matou nem feriu um cidadão.
Feriu, sim, a sensibilidade
De quem o ouviu vibrar na solidão.

O violão é sempre uma ternura,
Instrumento de amor e de saudade.
Ao crime ele nunca se mistura.
Inexiste, entre os dois, afinidade.

O violão é próprio dos cantores,
Dos menestréis de alma enternecida,
Que cantam as mágoas e que povoam a vida,
Sufocando, assim, suas próprias dores.

O violão é música e é canção,
É sentimento de vida e alegria,
É pureza e néctar que extasia,
É adorno espiritual do coração.

Seu viver, como o nosso, é transitório,
Porém, seu destino o perpetua:
Ele nasceu para cantar, em plena rua,
E não para ser arquivo de Cartório.

Mande soltá-lo, pelo Amor da noite
Que se sente vazia em suas horas,
Para que volte a sentir o terno açoite
De suas cordas leves e sonoras.
Libere o violão, Dr. Juiz,
Em nome da Justiça e do Direito!
É crime, porventura, o infeliz,
Cantar as mágoas que lhe enchem o peito?

Será crime, e afinal, será pecado,
Será delito de tão vis horrores,
Perambular na rua um desgraçado,
Derramando na rua as suas dores?

É o apelo que aqui lhe dirigimos,
Na certeza, já, do seu acolhimento.
É somente liberdade, o que pedimos
E, nestes temos, vem pedir deferimento!

Assinado:
Ronaldo Cunha Lima, advogado


Despacho do Juiz

Recebo a petição escrita em verso
E, despachando-a sem autuação,
Verbero o ato vil, rude e perverso,
Que prende, no Cartório, um violão.
 
Emudecer a prima e o bordão,
Nos confins de um arquivo, em sombra imerso,
É desumana e vil destruição
De tudo que há de belo no universo.
 
Que seja Sol, ainda que a desoras,
E volte á rua, em vida transviada,
Num esbanjar de lágrimas sonoras.

Se grato for, acaso ao que lhe fiz,
Noite de luz, plena madrugada,
Venha tocar à porta do Juiz.