sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Felipão o cagão.

Meu primeiro emprego foi aos 16 anos, era na Ag. Cabo Branco da Caixa Econômica, em João Pessoa/PB. Por lá trabalhei dois anos, era office boy do Gerente. Tios, primos e amigos meus trabalharam e alguns ainda trabalham em banco, então posso dizer que vi e ainda vejo de perto o que é ser bancário. Mas na verdade, nem precisa ver de perto, hoje em dia, sabemos bem que ser bancário não é nada fácil.

Bancário precisa cumprir metas, atender ao público, que nem sempre é simpático e por tantas vezes é burro, correm risco de assalto e sequestro (principalmente os gerentes), e por aí vai. Tudo isso por um salário nem sempre a altura. O resultado? Não precisa ser nenhum experto para saber; estresse, LER e outros tantos problemas. E não é qualquer um que consegue um emprego em banco, seja privado ou não. No caso do privado, se a pessoa não teve indicação, etc, tem que ser competente, inteligente, ter um bom currículo, se for do Governo, precisa sentar a bunda numa cadeira e estudar para passar no concurso, e uma vez passando e quiser subir de cargo lá dentro, estudar mais ainda.

Aí um tal de Luiz Felipe Scolari, o Felipão, novo técnico da seleção brasileira de futebol, diz que o Brasil tem obrigação de vencer a copa que aqui, e mais: "Se não tiver pressão, vai trabalhar no Banco do Brasil, senta no escritório e não faz nada". Puta que me pariu! Vá tomar no vosso cuzão Felipão. Quer dizer que um bando de idiotas que correm atrás de uma bola sofrem pressão? Só se for dos patrocinadores, para manter uma imagem de bom moço, e não poderem beber e sair por aí comendo todo mundo (o que fazem muito bem); pressão de não saber qual carro importado vão comprar para ir à balada na segunda-feira aqui no Rio, e ficar num camarote cheio de biscates; passar o carnaval na Sapucaí dançando, comendo (nos dois sentidos) e bebendo de graça; pressão de escolher qual gostosa é digna de uma boa pensão de alimentos e etc.

Mas sei lá, vai ver eles sofrem pressão mesmo. Li outro dia que hoje existem psicólogos nos times de futebol. E até vejo certa razão, pois um sujeito que passa a vida correndo atrás de uma bola, usa brincos, colares e tem um corte de cabelo pra lá de duvidoso, só pode ter problema na cabeça mesmo.

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Uma estrela

Em certo grau e tempo, pessoas e coisas mudam, deixam de ser um pouco, ou muito, daquilo que conhecemos em outra hora. É como uma vela que apagou, sei lá quantos anos-luz, e a gente teima em querer sentir sua chama, que há tempos deixou de existir.

terça-feira, 27 de novembro de 2012

O Preço.



Vamos rolando a bola
Não existe neve
Correr catando pedaço de tempo
E não há tempo suficiente.
Preso em trânsito
Escritório frio e tenso
O dia as vezes
É mais pesado que a noite.
Lá fora todos dormem
Em cabanas podres
Ou quase todos.
A puta fica puta sozinha
Um velho na porta da igreja
O frio martela sua artrite
Ônibus que corre cruzando sinal
A rua é vermelha de sangue
E um táxi passa rápido.
Água fina caiu do céu
Que aguou o chão
E teimou para entrar em bueiro.
Rua em silêncio de motor
Embaixo de árvores outros carros
Escondida, a lua fica calada
E a luz do poste é quente.
Amanhã outro dia que passa
E pesada segue a vida
Torturando, silenciosa, lenta e fria
Transformando fôlego em agonia
Mostrando a morte da gente.

sábado, 24 de novembro de 2012

E antigamente era assim


Essa semana li a seguinte notícia: "Tablets para educação começam a ser distribuídos no Brasil, e chegam às escolas públicas em 2013". Lembro que num passado não muito longe, o Governo distribuiu computadores aos professores e alunos da rede pública, e esse papo do tablet acho que surgiu esse ano. De inicio, só os professores irão receber, para aprender a usar, e só depois o aluno ganha o seu. Mais um ato da tão falada e assustadora "inclusão digital".
Em que pese as justificativas dadas pelo MEC e seu Ministro, é de se questionar, sempre, qualquer intenção do Governo com relação ao povo. Para a distribuição dos tablets, elas caminham desde a facilidade na distribuição de conhecimento, passando pelo aluno que poderá ser autor e não um mero recebedor de conteúdo, até o fato da prova aplicada pelo professor ser corrigida automaticamente. Puta merda! O brasileiro é preguiçoso mesmo. Além de aplicar uma prova qualquer, ela precisa ser corrigida automaticamente pelo tablet. E por outro lado, as editoras choram por pensar que não irão imprimir mais livros didáticos, e claro, não ganharão seu punhado de dinheiro justificado por licitações fraudulentas. Mas claro, a quem comemore, as fábricas dos tablets, principalmente a Positivo.
Penso que nós não somos preparados para receber esse tipo de bônus. O aluno da escola pública (e também da particular, não?), em sua maioria, não quer um tablet para ter conteúdo, não quer produzir nada, não quer estudar, não quer ler um texto com mais de três linhas (imagine um livro), imagine ainda, sentar a bunda na cadeira e pensar para produzir algo, não simplesmente compartilhar uma foto juntamente com um texto de algum famoso, e sem nem saber se o texto é do tal famoso? O alunado de hoje vai pegar o tablet, não para estudar, para produzir, nada! Sairão em bando para fazer foto de festinha, postar um monte de merda no facebook, jogar conversa fora, viver sua liberdade de "expressão" idiota, e o pior, totalmente acolhidos pelo MEC, que sinceramente, penso que caga pra educação, só pode.
Vejo todos os dias no ônibus os alunos da rede pública indo pra lá e pra cá, e ao passar a roleta tiram a camisa do colégio (aqui aluno tem que usar a camisa do colégio para não pagar passagem), e descem no centro. E aportam lá para estudar? Porra nenhuma, vagabundagem, isso sim! E não é minoria, e não acontece só aqui no Rio. Meus últimos sete anos de estudo foram em escola pública, isso em meados da década de 90, e sei bem como a manada se comporta. E hoje é pior, basta futucar meia horinha o facebook  e ver o pau, porque a cobra morreu faz tempo.
Daqui a pouco as escolas públicas serão construtivistas (outra merda), e também se tornarão centros virtuais com aulas gravadas em vídeo, igual a essas tantas universidades espalhadas por qualquer beira de esquina, que não forma quase ninguém, vendem diplomas. E não há motivo para exigir muito do alunado, afinal, para entrar em qualquer na universidade de merda, basta pagar.
Que saudade do velho e bom método decoreba, da tabuada, da redação feita na mão, e de tantas outras coisas, inclusive do cheiro da almondega que era servida na escola pública que estudei meu primeiro grau. E a cada ano ouviremos mais gritos e mais gritos fazendo música, para que possamos dançar no meio das marchas, feito vadios que somos.
Mas quando o MEC começar a distribuir tablet, serei o primeiro a rasgar meu diploma, me matricular numa escola pública e pegar o meu. Sou filho do diabo, e também quero brincar.

O dia e a noite

As coisas não acontecem do dia pra noite, mas da noite pro dia, em sua calada.

As drogas

Não sou contra a droga nenhuma, exceto religião.

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Que saudade do cinema na rua


Desde que me entendo por gente gosto de filme. Se no ano de 78 existiu um drive-in em João Pessoa, tenho quase certeza que fui feito por lá. Lembro quando meu tio Júnior comprou um vídeo cassete, sei lá qual o ano. O vídeo tinha controle remoto com fio e tudo. Todo final de semana íamos a uma locadora chamada Center Som/Center Vídeo, ficava na Praça da Independência. Era uma maravilha escolher os filmes e ir para casa do meu avô assistir.
Depois comecei a ir ao cinema, e sempre fui muito. Em João Pessoa adorava o Municipal, que hoje infelizmente virou uma igreja dessas de arrancar dinheiro do pobre coitado. O Plaza também fui tantas vezes, e lá rolava até uns filmes de putaria. Acho que o Plaza deu lugar a uma loja de sapatos, e pensando bem, o Plaza deveria ter virado a Igreja. Havia outro cinema no Hotel Tambaú, mas fui poucas vezes lá.
Depois apareceu o Cine Rex Manaíra, com apenas duas salas, que mais pra frente virou Box Cinema, com mais algumas salas. Nasceram também os cinemas no Mag Shopping e Shopping Miramar. Lembro que por várias vezes cheguei a ver todos os filmes em exibição. Nessa época ia ao cinema quase sempre sozinho.
Com o tempo, fui perdendo o tesão por cinema, não por filmes, claro. Tinha tudo em casa e o cinema foi ficando chato, muito barulhento, cheio de celulares, pipocas e etc, além de ter que ir ao shopping para ver um filme. O último filme que vi foi Tropa de Elite 2, dois anos atrás. Mas me rendi, e ontem assisti Gonzaga - de pai pra filho.
Quando vi o anuncio do filme, pensei em assistir na telona, e a vontade passou logo. Mas na semana de estréia rolou uma promoção aqui no facebook: escreva uma história contando como você conheceu a música do Rei do Baião, e concorra a um ingresso. E não é que ganhei. Como trabalho bem próximo ao Cine Odeon, pensei que seria perfeito. Sairia do trabalho para assistir. Ao chegar por lá, doce ilusão. O Odeon não aceita convites. Fiquei puto, quase rasguei o papel, decidido a assistir no meu sofá, com uma lata de cerveja na mão. Deixei quieto, pus o convite no bolso e tomei rumo pra casa. E ontem minha irmã me convenceu a ir, e fui.
Fomos ao Shopping Iguatemi, aqui perto de casa, última seção às 20:45 no meio da semana, deve ter pouca gente, que nada, enfrentei fila para pegar o ingresso, não por conta do Gonzaga, o culpado era o vampiro bicha. Entramos na sala, quase ninguém, maravilha! Sentamos no meio, lugar perfeito. E aí começa a desgraça.
A sala começou a encher de gente, mas isso não seria problema se fosse de gente educada, mas não era. Começa o barulho das pipocas, dos sacos de salgadinhos, das conversas, das luzes dos smartphones e também o filme. Depois de quase uma hora de exibição, as luzes dos phones desaparecem, as conversas diminuem, e o barulho das bocas esfomeadas cheias de pipoca, vai dando lugar ao mais infernal de todos os sons que um ser humano pode fazer, algo que irrita até um surdo, a boca chupando as últimas gotas de refrigerante, e o refrigerante brigando com o ar por espaço no canudo. Puta que pariu! Acho que esse barulho só perde pra o de alguém comendo uma maçã ou chupando uma colher de sopa. E depois disso, não há filme que preste.
Bom, sobre o filme do Gonzaga, é como dizem, as vezes o melhor da festa é esperar por ela.
E cinema? Nem se for o Paradiso.

terça-feira, 20 de novembro de 2012

No quarto, uma madrugada


- Pega uma cerveja. Ela disse com as pernas ainda jogadas no espelho da cama.
- Vai você.
- Porra. Tu não tens nada de cavalheiro, não é?
- Sei lá. Na verdade nunca quis pensar sobre isso.
Ela levanta nua e caminha pelo quarto. Seu corpo é bonito, uma bunda perfeita, com aqueles furinhos de cada lado, que me deixa doido. E ela volta com uma garrafa na mão.
- Quero mais de você.
- Pode ser, vamos acabar a cerveja.
- Acaba aí, eu só queria um gole. Vou tomar um banho.
- Nem precisa.
- Mas quero.
- Ok.
- Ei, um problema aqui. Ela grita do banheiro.
- O que foi?
- Acho que menstruei.
- E isso é problema?
- Pra você é?
- Não.
Voce me devolve beijos e coisas, quem disse que quero? Te dou, e de mão beijada, e jogo tudo em cima da cama. Tudo seu. Não precisa me oferecer mais nada. Veste a roupa e vai embora, que desse meio de perna eu já enchi o saco.

Em fila, na fila

Depois do almoço fui ao banco fazer a digestão da quentinha. Sabia que enfrentaria uma fila de filho da puta, e fui. Odeio filas e odeio bancos. Os infelizes que estão na minha frente sempre demoram, e não sei ao certo porque odeio bancos, deve ser por está sempre sem grana e ver tanta gente depositando dinheiro ou pagando as contas da empresa. Vai ver é isso. E depois de uma hora ou mais, chegou minha vez, agora vou botar pra fuder e demorar a eternidade de fazer um depósito.

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Maria Rita


Ela é Maria Rita, filha da Elias Regina. A segunda dispensa qualquer comentário, e quem quiser saber mais google por aí, cate histórias e músicas, aos montes.
No inicio da carreira, a Maria Rita sempre disse, em frases certeiras, que não queria comparação entre as duas. E aqui vai uma frase colhida da minha infância: certa ela.
Nós temos o horrível hábito de dizer essa merda: filho de peixe... E na maioria dos casos isso não é verdade, nunca foi, nem nunca será. Apesar de claro, reconheço que certas coisas são definitivamente genéticas, óbvio.
Esse dito popular cai como um peso em nossas costas, pobre coitadas. O "peixinho é" é coisa é exigida, cobrada mesmo,  e quando a gente se sente na obrigação de ser filho de peixe, e ver que não é, lascou.
A Maria Rita fez um show em homenagem à mãe, e é bom. Mas não é Elis, não é muito perto do que foi a Elis, mas é show, uma homenagem, e isso basta. E ela deve saber disso.
Gosto da Maria Rita, mas nunca esperei que ela fosse igual à Elis Regina. Gosto por ela cantar bem, dançar, ser linda, deliciosamente linda, alias, e não ter o querer de ser igual à mãe.
Abaixo uma música boa, que gosto mesmo, bem gravada, como todo o disco dela é. Saiu no álbum Segundo, lançando em 2005 e teve a produção do mestre Lenine. Nesse disco ela canta, dentre outras coisas, Chico Buarque e uma música da banda O Rappa. Mas cantar uma música da banda O Rappa? Deve ser por conta do Falcão, que na época estava comendo Maria. Mas como todo e bom falcão, ele é menor que a fêmea, bem menor.

http://letras.mus.br/maria-rita/265641/#selecoes/73640/

Supermercado


O dia amanheceu bom, alias, muito bom, um muito bom nublado, frio, sem chuva, e o melhor, silencioso. Em dia que a gente vai à cozinha e inventa de fazer certas coisas diferentes, o fora do habitual, sempre falta alguma tempero, uma farinha ou um pote de azeitona preta. Hoje por aqui é um dia desses. Estamos proclamando, mas nada de República, é aniversário da minha irmã Ruth. E as mulheres foram preparar o almoço, e claro, faltou farinha. E lá vou eu, o macho da casa, ao supermercado.
Fui ao mais perto de casa, que por sinal é o mais caro, mas como não ia comprar muita coisa, vale, além da   vaga no estacionamento e quase sempre não há fila grande nos caixas. Perfeito demais.
Coloquei coisas no carrinho, coisas sem sentido, coisas que não se ligam, como um quilo de sal e um amaciante (quem compra só isso?). Pensei que meu carrinho era o mais estranho ali dentro, não era. Fui pra fila do caixa, na minha frente uma velha com um pote de sorvete. Coitada, nesse frio, ser velho e tomar sorvete? Melhor um gardenal com uma boa dose de vodca barata. Em pouco tempo passa por um outro velho, e no seu carro um monte de red bull e activia. Puta que pariu! O velho só quer cagar e voar, ou voar cagando, que deve ser bem melhor.
E lá fiquei olhando aquelas estantes perto dos caixas. São as estantes mais estranhas do supermercado. Só coisas inúteis, com exceção da pilha que alimenta o controle remoto (uma das melhores invenções mundanas). As revistas então, uma merda. Antigamente ainda escapava a Playboy, do tempo que mulher era mulher, do tempo da Cláudia Ohana e Vera Fischer, do tempo que homem era homem, macho, não esses que andam por aí fazendo unha, pintando cabelo, cheio de bereguedês no pescoço e precisam de dicas para comer uma mulher.
Daqui a pouco vejo aquela mão passando ao meu lado, ela pega uma revista e diz: "isso é mentira". A revista estampava na capa algo assim: como trabalhar e ganhar dinheiro. Uma dessas merdas aí que vende feito água, como auto-ajuda e tudo que todo mundo acha que precisa. Era uma senhora gorda, na casa dos sessenta anos, olhei pra ela, e ela sorria e eu sorri em retribuição, e meu sorriso foi sincero. Disse que concordava com ela, mas não totalmente. E ela soltou uma frase feita que sempre ouvimos por aí: "quem trabalha não tem tempo para ganhar dinheiro".
E a menina do caixa, por algum motivo, acendeu aquela luz vermelha, fiquei puto, pensei que ia morar ali dentro. Sempre que aquela luz acende é uma merda. Mas estava eu com a senhora gorda de sessenta anos, e a conversa era boa.
Ela disse que era puta com essa propaganda toda que pregam por aí, dessas fórmulas para você ficar rico, ser feliz, ter um casamento perfeito, criar os filhos perfeitos, etc e etc. Disse-me que sua filha não quer ter filhos, mas ela quer um neto, e fez certa cara de tristeza. Chegou a filha, uma mulher loira, cabelo um pouco curto e usando óculos, por volta dos trinta, e no mesmo tempo, minha vez de ir ao caixa.
Joguei na esteira meia dúzia de coisas estranhas, a moça do caixa pergunta se tenho cartão do supermercado, digo que não. Senti uma vontade grande de pedir para ela acender a luz vermelha, e passar ali aquele momento entre o acender e apagar da luz vermelha, que é eterno, mas aí eu suportaria, pois estaria com a loira.