domingo, 12 de maio de 2013

Profissão mulher.


Não é de hoje que as mulheres têm conseguido seu lugar de igualdade ao lado dos homens. São direitos iguais na cultura, nos salários e etc. Mas o é interessante acontece nas profissões.
Hoje temos mulheres em profissões que até outro dia eram tipicamente masculinas. São motoristas de ônibus, delegadas, guardas municipais, e por aí segue. Em boa maioria dessas mulheres incorporam o jeitão masculino, que é inerente de algumas profissões. Não imagino, por exemplo, uma delegada na frente de um bandido, com a fala mansa e doce, um jeito delicado, ou coisa parecida, deve ser difícil. As motoristas de ônibus, não sei se todas, mas pelo menos as que vejo aqui, tem um jeito masculino. Até as lindas moças da guarda municipal (boa parte é bonita mesmo), carregam o jeitão. O mesmo acontece com os homens, mas aí é outro papo.
Pensava eu que isso era característica do personagem que trabalha. Já ouvi histórias de juízes, por exemplo, que são verdadeiros chatos, briguentos, mas na vida fora da labuta, são verdadeiras moças delicadas. Mas no caso de algumas mulheres, isso não acontece, o mesmo jeitão masculino, que interpretam no trabalho, ele acompanha o fora dele.
É altamente louvável essa igualação homens e mulheres, mas que elas, não percam o doce jeito feminino, a delicadeza e beleza que é ser mulher. Essa coisa toda, que faz qualquer homem, perder as estribeiras e faça tudo que é besteira. Que trabalham, sejam tudo isso é algo mais, mas não percam o jeito mulher de ser, pois de dureza, o mundo já é cheio, e a gente precisa de vocês.

Feliz dia das mães!

Foto: Na Tijuca, tomando um chopp num boteco pra lá de Marrakech.

sábado, 11 de maio de 2013

Supermercado, o circo dos horrores.


Hoje fui ao supermercado, e atualmente pouca coisa é mais sacal que isso. Lá você cruza com carrinhos abarrotados de besteiras comestíveis e seres humanos sem nenhuma educação, além do clássico balcão de frios, onde quase sempre pedem "duzentas gramas de presunto"... E assim caminhando a humanidade, lá vou eu com a lista de compras na mão, enfrentar um dos infernos maiores nessa terra de meu deus, o circo dos horrores que é um supermercado.
Depois de catar tudo vou ao caixa. Papo vai, papo vem, minha vez, atrás de mim um sujeito com cara de louco conversa alguma coisa com sua esposa, ambos olham meu carrinho e depois a menina do caixa. Passam dois minutos e vão embora, aleluia! Não gosto de doido perto de mim, já me basta.
Chega minha vez, aleluia de novo! A esteira com as compras vai passando, a meninota do caixa, em menos de dois segundos puxa conversa comigo (variando), no que disse: inda bem que aquele casal foi embora, ficaram me encarando e eu quero e é ir para casa, já estávamos pra lá das vinte badaladas e tal.
Depois de tudo passado e pago, dou boa noite/bom descanso e rumo para casa, com uma imensa vontade de chegar, tomar um banho e viajar na maionese da sanidade.

quarta-feira, 8 de maio de 2013

Lobão e o MC


Ontem vi e ouvi o velho Lobo uivar seu "blá blá blá blá, eu te amo". Foi no programa televisivo "Agora É Tarde", apresentado pelo Danilo Gentili.

Entre uma coisa e outra, o assunto principal foi o livro lançado recentemente pelo Lobo, "Manifesto do Nada na Terra do Nunca", que já rende tantos comentários. E no meio das letras impressas, ele solta uma sobre os Racionais MCs: são o "braço armado do PT".

O Mano Brown, vocalista do grupo se enfezou. Mas para rebater, o Mano quer partir para briga. Desafiou dizendo: "sempre estou pelo Rio, se quiser resolver como homem". Ops, alto lá Mano Véi, queres partir para porrada? É isso mesmo? Ora minhas bolas, que devolva na mesma moeda, sujeito. Diga ao Lobo louco que os Racionais não são braço de seu ninguém. Se defenda com a mesma arma que foi atacado, palavras e blá. Quer tentar bater em alguém? Chama o negão Anderson Silva, que de fino só deve ter a voz. Aí sim, é algo que a gente quer ver.

Essa tua onda toda me fez lembrar dos meus tempos de criança, onde já vi muito, alguém ser intimidado, humilhado, ou coisa parecida, e soltar a frase: vem pro pau! Esse pau aí, era a briga, o "resolver como homem". Mas vá mesmo, como bem disse o Lobo, conversar sobre isso tomando um chopp, ou sei lá.

E ainda falando sobre. No lançamento do dito livro, o Lobão mostrou um cartaz com o seguinte dizer: "Chupa Caetano!". O que me fez lembrar de um amigo meu que é florido todo, e sempre que mando-o tomar no cu, ele responde mordendo as orelhas: não mande não, você sabe que eu gosto. Agora taí, quero ver a resposta do Caetano. Ele chupa ou não chupa?

terça-feira, 7 de maio de 2013

A Dama do Dia




Não digo nada, para não me fazer ver que é segredo sagrado, coisa do meu viver passado. E você tem os seus, não?
Fungo as gostas de saudade, dos tempos da mocidade.
E vou caminhando cheio de vontades, encarando mentiras, mas cheio de verdades...

Foto: Ronnie Vonna na praça, querendo amor.

terça-feira, 30 de abril de 2013

Sônia, Soninha.

Dia desses fiz um "Happy sei lá" com a Sônia, que insiste que eu a chame de Soninha (não gosto apelidos em diminuto, mas vá lá, ela gosta, e não se discute amenidades com uma cria de costela). Foi nosso décimo encontro, medido e milimetrado, tudo de cor por ambas as partes, até as roupas que usamos. E não reparo muito em roupa, apenas na falta, tanto ela menos. Fomos ao Bar do Gaúcho, esquina do prédio que trabalho. Lá é legal, chopp gelado e um bom sanduíche de carne. Lembro quando nos conhecemos, quis lhe apelidar mas sem sucesso. Isso só por Sônia me lembrar uma prostituta da Rua da Areia, que lá pelos finados anos noventa, tive o prazer de conhecer.

Época de vinte e poucos anos, um pouco barbado, um peito, que além dos cabelos, era cheio de vontade de viver. Conversava muito com a Sônia da Areia, ela tinha uma filhota que não lembro o nome, e sempre me falava de sonhos, disso e daquilo. Certa feita, estava eu sentado numa mesa do cabaré que ela fodia com deus e o diabo, e ela aparece meio triste, em seus braços brancos umas manchas de pancada. Não fiz pergunta retórica, apenas lhe paguei umas doses de uísque e ouvi sua lamuria.

Mas a Soninha hoje é diferente, em tudo, não melhor, nem pior. Soninha faz jus ao diminutivo, cara de meninota num corpaço, e o pior que ela sabe disso, e se aproveita (safada santa). Me conta suas peripécias sem medir. Ficaria horas ouvindo a Soninha, e sem tocar num fio de sobrancelha, mas não aguento, ela sempre me chama para tomar um vinho na sua casa, o que aquece minhas orelhas e o resto.

E na sua geladeira morre metade de uma cebola, uma garrafa d'água, umas outras de vinho e um molho do tomate aberto. A gente trepa e vai tomar banho. Deitamos na cama, a janela aberta denuncia a madrugada silenciosa e linda, fumamos um cigarro e ouvimos a noite, mas não de conchinha, nem porra nenhuma, apenas deitados na cama dura, esperando meu pau subir para outra trepada com a Soninha.

Sobreviver, à vida.


Alimente a vida de você, daquilo que te faz sobreviver. Um dia dormindo, uma noite de sexo, uma tarde regada a droga e rock, ou um simples copo de nutella. Nada importa do lado de fora. Faça aquilo que dá na telha, sem prejudicar o outro, e o mais importante, que seja sem vergonha, pra valer, viver e morrer.

Foto: Transitando por aí, em dia de quase noite.

sexta-feira, 26 de abril de 2013

Papo de sola furada



Um sapato furado, para proteger o pé, pedaço de jornal. Resenhas sobre coisas, as vezes é bom papo mais furado que sola, só as vezes, coisa rara mesmo. E vamos pedir a conta, na cama tem coisa melhor para fazer.

Foto: Cinelândia indo dormir.

terça-feira, 23 de abril de 2013

Segredos do mundo


Fui andar por aí como quem não quer nada, mas que tem sede de mundo, de coisas que falam no silêncio dos gestos.

Um homem gordo na fila do caixa de uma farmácia chupava um picolé amarelo, e tentava sacar seu cartão, para pagar uma caixa de fraldas; pedreiros levantavam paredes num prédio de dois andares, parecendo formigas ajuntando retalhos de folhas para o inverno; pessoas na academia malham seus músculos e barrigas inúteis, quando quando servem para algo, é fazer pose para tentar comer alguém, ou serem comidas; duas meninotas passeiam na calçada da praia e riem (será que falavam de algum marmanjo?); um jovem se ajoelha aos pés d'uma garota, e a lhe confessar pecados, cai no precipício do amor, levanta, puxa, abraça, e a beija fogosamente; um homem passa correndo, usa uma camisa de corrida, ele acena para mim, cordial até, respondo e o vejo passar, e ir correndo sei lá para onde; uma velha com artrite caminha lenta olhando para a espuma do mar, acho que ela tenta apagá-las com seu sopro fraco; um outro casal caminha lento pela areia, ambos calçando as sandálias do tédio, que não fazem barulho nas areias da praia; um menino brinca com um cachorro pastor-alemão...

Na minha solidão fito todos, e todos fazem parte de mim, e me dizem um segredo. Vejo que não estou sozinho, mas conheço todos. Tento empurrar as nuvens com um sopro, não consigo, e a lua que nasceu hoje a tarde (e é estranho quando a lua nasce a tarde, ela deveria nascer sempre ao por-do-sol), olho para ela e vou tomar um banho. Mergulho para ver o sol descer indo até o Japão. E tentando não me afogar no mar, apenas me permito sonhar, naquilo que é viver, sofrer e calar.

Foto: Praia do Bessa - João Pessoa/PB. Em dia que é terça-feira.

segunda-feira, 22 de abril de 2013

Me Joguei



E tudo que é subversivo atrai, assim como um céu azul, um mar vazio, e um sol do carai.

Foto: João Pessoa/PB. Indagorinha. Aqui na frente, perto do mar.

sexta-feira, 19 de abril de 2013

Eduarda



Conheci Eduarda quando ia ao trabalho, no ônibus. Foi há uns meses passados, sei lá quantos, sempre me perco no tempo. Entrei meio afobado, mas lá alguns lugares vazios, e o assento ao lado dela me chamava. Cruzei a roleta em disparada. Me acomodo e invade meus pulmões um doce cheiro do seu shampoo, pouco depois, de sabonete. Ela tinha feito nos cabelos um par de tranças loiras e lindas; usava uma vestido laranja claro, que não cobria os joelhos, deixando suas lindas pernas meio de fora, entregando o ouro dos pelinhos loiros; sandália rasteira, dessas de feira; e o sutiã? deixou em casa.
Abro minha mochila e saco três folhas que carregavam umas linhas escritas pelo velho safado. Ela, que já me olhava meio de lado, minutos depois puxa...

- Desculpa te atrapalhar, mas como você consegue ler dentro dessa merda de ônibus? Quem ouve música, até entendo, mas  ler? Deve ser meio foda.
- Nem tanto, foda é sempre algo bom, e eu consigo ler até no meio de um show, imagina aqui, é paraíso.
- Sorte sua. Só consigo ler naqueles silêncios absolutos, que a gente ouve até o barulho d'uma agulha cair no chão.
- Que merda, ler pra você é madrugar, mas é a melhor hora para se viver.
- Pois é, por aí...
(...)
Mais umas outras poucas frases, números de celular trocados e tchau.

Alguns dias pós primeiro encontro, nos reencontramos no mesmo ônibus, mesmo horário, mesmo quase tudo. Ela sem tranças, mas de cabelos presos, vestia uma calça jeans desbotada, camisa hering azul e calçava algo que eu diria ser um tênis. E os cheiros, os mesmos, shampoo e sabonete. Abriu um sorriso lindo, e carregando sua inseparável bolsa de pano, onde vai sempre: celular, identidade, cartão do banco e uns trocados, me recebe ao seu lado, abriu espaço para mim. Nesse dia conversamos mais que o normal, ela meio tagarela, dizia coisas do trabalho (a labuta é num escritório de engravatadinhos advogadinhos, bobos), e por aí foi.
Eduarda é engraçada e calada, não faz questão de muita coisa, quase nada. Na geladeira meia cebola e umas garrafas de cerveja. E quando aporto por lá, sempre pela manhã, uma trepada e cuscuz com ovos, que eu faço e ela adora. Mas não gosta de retratos e de falar muito.
E assim vamos sobrevivendo, entre trepadas coloridas, sorrisos sinceros e as vezes um não querer entendido. Vez por outra pegamos o mesmo ônibus, vez por outra nos escondemos numa cama, e olhamos mudos a banda passar, mas sem cantar coisas de amor, pois isso é uma merda.

domingo, 7 de abril de 2013

Meus vinis e meus livros



Hoje lembrei do meu amigo, Robson, que assim como eu, ele gosta de comprar vinil e livro em sebos. Certa feita estava na casa dele, um belo sábado em que ouvíamos rock progressivo (o estilo preferido por ele), lá vou eu buscar mais um vinil pra ouvirmos. Na casa tem um quarto que é meio escritório, cheio de livros e discos por tudo que é lado, pego um disco e vejo alguns livros com cara de desgasto, volto à sala e indago sobre os livros que vi. Ele me diz que só compra livro em sebo, etc e tal, e vai me contando de uma prima dele. Ela meio cismada com as coisas do além, sempre dizia algo do tipo: não sei como você consegue ter isso aqui na sua casa, esses livros são de outra pessoa, sabe-se lá por onde andaram, eles podem carregar energias negativas. Na feita, comentei do Ari, outro amigo meu, também comprador de vinil. O Ari tem uma coisa que é meio cacoete loucura, ele compra os discos, e antes dos discos entrarem na sua casa, ele limpa tudo, lava e benze.
Há um barato na compra de coisas usadas, e não me pesa o fato da prima do Robson achar que carregam "coisas ruins", pois carregam coisas, interessantes. Tenho discos com dedicatórias, declarações de amor, juras e mais juras. Os livros não tenho, pois livro só leio uma vez e despacho (troco por outros).
Um dos que tenho aqui é de um disco que comprei na feira da Praça XV, é o Help!, onde dentro tinha um bilhete que dizia: Parabéns Arnaldo, me salve pois o mundo é louco, e feliz aniversário. Ass. Mercedes.

Foto: O rack da sala, expondo 1/4 dos meus discos, alguns DVDs e dois livros.

sexta-feira, 5 de abril de 2013

Vanessa

Ontem resolvi ir à casa da Vanessa, e nem pensei muito, há tempos que não aporto por lá. Ela nunca atende a porta na primeira batida, mas dessa vez demorou mais que o normal e resolvi mandar um SMS, de repente nem tá em casa, vai saber. Ela responde: tô no banho, a chave no lugar de sempre. Entra e abre uma garrafa de vinho que não demoro.
Há tantas coisas boas para a gente abrir na vida, uma carta, uma porta enquanto esperamos o outro bater e por aí vai..., mas duas estão no topo do desejo, e que sei bem abrir, e gosto, garrafa e um belo par de pernas morenaças.
Entro e lá vem o bichano, o nome dele é Toma. Já vem o Toma todo curioso, caçando o que tenho nos bolsos, mas vai embora, pois nos bolsos nada, mas nas mãos só desejos pela Vanessa. Vou pra cozinha pegar o vinho e copos.
A cozinha da Vanessa é foda, bagunçada pra caralho. Uma mesa com duas cadeiras, meia cebola na geladeira e uma garrafa d'água, mas sempre tem uma bebida lá por dentro. Pego a garrafa do velho tinto barato, abro com uma facilidade, como criança que abre um bombom, encho meu copo e vou pra sala.
Acendi um cigarro, liguei o som e play, Leonard Cohen cantando "brid on the wire". Lembrei de uma foto que fiz certa vez que estava em Brasília. Uns pássaros pousados num fio cantavam pra mim, e se pusesse uma clave de sol, era algo triste, como o Cohen e sua voz meio fúnebre.
Ela abre a porta do banheiro, e junto com os passos, lá vem aquele cheiro delicioso de sabonete misturado com shampoo e a voz deliciosamente meio rouca: seu filho da puta, canalha!
Entre garrafas de vinho e outras coisas, trepamos. Ela dormiu nua, linda, e eu aqui na janela fumando um cigarro, ouço o rádio do vigia, que na calçada do vizinho, dorme como um bêbado.

quinta-feira, 4 de abril de 2013

Sem cores nem sons



Há em mim uma dificuldade em ver cores. Daltonismo que sei lá? Mas ouço bem. Hã? Lembra daquele dia na praça? Aquela outra pracinha... E eu ouvia os pássaros voando e você não? Aquilo era música, um lindo choro de passarinho. Das tantas cores que você sente, para mim são cinzas. Mas a gente vai seguindo, eu a te preencher, e para minha sorte, a gente trepando, dois seres a merecer.

quarta-feira, 27 de março de 2013

Na praça, em casa.


Fica menina, fica comigo, só eu e você aqui, parados. Quando alguém passar a gente grita uma bobeira ou faz careta, ninguém liga muito pra essas coisas. Isso que é o bom da coisa, seremos um tanto ignorados, ou tido como loucos. E não te darei quase nada, mas a gente pode dar boas risadas, topa?
Aleluia!

Foto: Praça Xavier de Brito - Tijuca - Rio de Janeiro/RJ - Brasil.

domingo, 24 de março de 2013

Ao Amor e Fim.


Amor, sempre estranho amor, que foi inventado, e nem sei pra quê?
Amor, sempre estranho amor, que me foi dado sem pedir, inda eu tenho que entender.
Amor, sempre estranho amor, que convivo, as vezes sem nem saber.
Amor, sempre estranho amor, que quase me capa o fato consumado em mente, quando ela me diz: amor, só faço por amor.

Foto: Nada com nada. É uma árvore morta e o céu, que é seu e meu.

quarta-feira, 20 de março de 2013

Sonho real




Sonhei com uma pessoa me acordando, acordei dentro de outro sonho, e isso por oito vezes. A pessoa era sempre a mesma, mas aparecia sempre diferente, cabelos pretos, loiros, careca, magrela, gostosa... em corpo de mulher.
E ao acordar do derradeiro sonho, voltei para a ilusão de certas coisas do viver.

quinta-feira, 14 de março de 2013

Dia da Poesia



É meio estranho dia pra tudo. Pai, mãe, criança, avô, avó, velho, nossas e nossos senhores e senhoras; e outros tantos e tantos, que falta saco para enumerar. Que seja, todo dia é dia de alguma coisa, e hoje, como não poderia ser diferente, é dia da poesia.

O dia me fez lembrar uma história, que me foi contada pelo Prof. de portuga Arcela, em sábado onde tomávamos uns goles na casa da Torre, e entre uma música e outra (ele tocando violão), conversávamos.

Disse ele que certa feita, alguns bons bebuns perambulavam pelas ruelas de Campina Grande/PB a fazer serenatas para as deliciosas virgenzinhas, após tantas, a polícia enquadra os camaradas, e no final das contas, ou músicas, o violão ficou detido. Foi aí que a turma recorreu ao recente formando em advocacia, o nobre poeta Ronaldo Cunha Lima, que ele peticionasse ao Juiz a volta do violão. E o poeta soltou o "Habeas Pinho".

Como se não bastasse a faceta, o poeta teve a resposta em versos. As quais seguem abaixo.

OBS1: Na foto, violão e cavaquinho, que dormem por aqui. O cavaco, como pequeno, fica no berço.
OBS2: Ano passado um Delegado fez algo parecido e levou uma bronca.


Exmo. Sr.
Dr. Artur Moura,
Meritíssimo Juiz de Direito da 2ª Vara desta Comarca,

O instrumento do crime que se arrola
Neste processo de contravenção
Não é faca, revólver nem pistola.
É simplesmente, Doutor, um violão!

Um violão, Doutor, que, na verdade,
Não matou nem feriu um cidadão.
Feriu, sim, a sensibilidade
De quem o ouviu vibrar na solidão.

O violão é sempre uma ternura,
Instrumento de amor e de saudade.
Ao crime ele nunca se mistura.
Inexiste, entre os dois, afinidade.

O violão é próprio dos cantores,
Dos menestréis de alma enternecida,
Que cantam as mágoas e que povoam a vida,
Sufocando, assim, suas próprias dores.

O violão é música e é canção,
É sentimento de vida e alegria,
É pureza e néctar que extasia,
É adorno espiritual do coração.

Seu viver, como o nosso, é transitório,
Porém, seu destino o perpetua:
Ele nasceu para cantar, em plena rua,
E não para ser arquivo de Cartório.

Mande soltá-lo, pelo Amor da noite
Que se sente vazia em suas horas,
Para que volte a sentir o terno açoite
De suas cordas leves e sonoras.
Libere o violão, Dr. Juiz,
Em nome da Justiça e do Direito!
É crime, porventura, o infeliz,
Cantar as mágoas que lhe enchem o peito?

Será crime, e afinal, será pecado,
Será delito de tão vis horrores,
Perambular na rua um desgraçado,
Derramando na rua as suas dores?

É o apelo que aqui lhe dirigimos,
Na certeza, já, do seu acolhimento.
É somente liberdade, o que pedimos
E, nestes temos, vem pedir deferimento!

Assinado:
Ronaldo Cunha Lima, advogado


Despacho do Juiz

Recebo a petição escrita em verso
E, despachando-a sem autuação,
Verbero o ato vil, rude e perverso,
Que prende, no Cartório, um violão.
 
Emudecer a prima e o bordão,
Nos confins de um arquivo, em sombra imerso,
É desumana e vil destruição
De tudo que há de belo no universo.
 
Que seja Sol, ainda que a desoras,
E volte á rua, em vida transviada,
Num esbanjar de lágrimas sonoras.

Se grato for, acaso ao que lhe fiz,
Noite de luz, plena madrugada,
Venha tocar à porta do Juiz.

sábado, 23 de fevereiro de 2013

Eu por Camila



Nunca comece um papo perguntando se vai tudo bem, aquele velho e batido "oi, tudo bem?". Difícil alguém dizer que não vai, né não? E não piore as coisas perguntando: news? News é a puta que pariu, ora, ora! Além de usar o inglês, quer saber minhas boas ou más, novas? Penso que boa parte dos que perguntam não querem saber coisa boa. Querem a sua desgraça, o que você tem sofrido, emprego que perdeu, pé na bunda que levou, essas coisas.
E ainda há o que encontra alguém que não se via há muito tempo, e o incauto solta: mas diz aí, ainda trabalha naquele lugar, mora naquela cidade e tá casado com aquela mulher? Ora porra! Bem tu quer que os outros se banhem em merda, seu sujeito? Há pessoas que gozam com o pau dos outros, mas me parece que isso não é tão bom. Melhor é gozar com as suas misérias.

Foto: Eu por Camila Braga. Em sábado do ano passado, quando carreguei uma câmera velha, um filme velho, e um tanto de histórias embaixo do meu chapéu verde.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Ela e os sonhos

Quatro dedos de vodca, e completo o copo com suco de manga, sem gelo. O telefone toca, número é confidencial, atendo. Não sou dessas pessoas que não atendem números confidenciais. Era chamada a cobrar, desligo. Acendo um cigarro e manco até a janela para juntar a solidão da rua com a minha. Vejo um cachorro farejando o lixo do vizinho, e ele vai embora com a mesma fome. Ligo o rádio e o repórter diz a previsão do tempo. Lembrei de um canal do tempo que as mulheres tiravam a roupa. Sinto o cheiro de shampoo, ela entra no quarto, me beija e deita. Olho suas curvas, pele, cabelos, pés, nuca... Ela dorme, sem frescuras, sem pedidos, sem cerimônia. E fico parado decifrando seus sonhos até o sol nascer.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013


Há certos dias em que o tempo é apertado, entre uma coisa e outra, corremos sem ter... E na loucura, lá vou comprar cigarro numa banca, mais uma vez. No dia estava com alguém, após a parada, minha cia. diz: você compra cigarro com certa frequência, mas só um maço, por que não uns tantos de uma vez, porra? Ora, ora, minha pequena, e perder a chance de conhecer o dono da banca? Não.

O valente que levanta as portas chama-se Giusepe, que logo cedo bate ponto lá na São José (Centro do Rio), defronte ao prédio que trabalhei por míseros três anos. Conhecedor do isqueiro Zippo como ninguém, sempre regulou o meu (aqui vale dizer, presente do meu primo Isnaldo, um preto). E por lá compro fluído, pedra, pavio, dentre outras coisas.

Hoje trabalho próximo à Cinelândia, mas não deixo de visitar a Banca do Giusepe. Trocamos uns caroços de papo, e depois de tomar umas heinekens, pego minhas coisas e vou embora.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Na Minha Cozinha


Hoje fiz comida, frango ao molho de sai lá. E sempre invento coisas pra você. Semana que passou foi carne com molho shoyo, mais alguma coisa, pimenta dedo-de-moça, amendoim, açúcar e tal... Misturo isso com aquilo, você diz que o cheiro é bom, e o gosto também.

Lembrei que fui ao médico, e ele com a voz pachorrenta: coma salada minha santa, quanto mais verde, melhor. Porra de verde! Não gosto de coisa verde. O prato tem que ter cor, quanto mais, melhor. Inda bem que você gosta de cores.

Vou trabalhar, chego voando pelas vinte horas. Jante bem e vá pra cama com cheiro de homem que toma banho e só usa sabonete, e quando eu deitar, me coma.

Ass. A Cozinheira.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

O humano borboleta



Bela Borboleta! Lembra que eu te chamava assim, Marília? Não é coisa toa, porra, ou puta, sei lá. Você voando e curtindo ventos, além de enganar todos ao sugar o açúcar do amor, queres o meu remendo? Melhor ficar em teu casulo, não? Mas tu bens sabes, és uma grade fela, não se contenta, e vem com ideias loucas querendo justificar as tuas coisas.
Minha Marília, lembra da borboleta que era casulo, virou borboleta e morreu? Claro, pois então, se foi, se fodeu. Borboleta? Por mais esperançosa e cheirosa, não dura muito, alguém de passagem.
Mas não se fique doída, ou doida, vai entender. Sem coisa ferida, pois bem sei das tuas coisas, e na verdade, só queria te comer.

Foto: Reflexo da mesa em sala, que foi regada a sal, violão e outras coisas. Por Ruth (minhã irmã).

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Sós os canalhas sobrevivem



Não há mulher nesse bom mundo de meu deus que nunca tenha dado um pé no rabo de alguém. Até os homens, claro. Mas ao que é bom amador, aquele que leva um pé e não descansa, não fica cheio de "mimimis" esperando milagre que não existem. O canalha, ou a, não vai descendo ralo abaixo nesse lance de não quero mais amor, de estou fechado pra balanço. Não, não. Pecado! Isso é tosqueira. Papo de quem fecha a velha bomba de sangue para uma das melhores coisas da vida, correr o risco de caminhar nas ruas, no meio das estradas do amor, do desconhecido, zanzar em meio ao vale escuro, pegar o amor de frente. Encarar o amor é tarefa para poucos, creio. Ficar defronte a alguém e sentir uma fisgada na pele, não é para todos. Alguns fogem, como diabo... Outros ficam na linha, e de frente, encaram essa coisa, que é viver um amor.

O doce acabou


Hoje quebramos relógios para esquecer o tempo. Tentamos evitar a angústia de esperar o mesmo tempo, para outra vez quebrarmos promessas de nunca aquilo, nunca isso, nunca mais... Que a felicidade não seja a cantada por Vinicius, mas ultrapasse a mórbida quarta-feira, e das cinzas, possamos fazer confete e serpentina para o resto o ano inteiro.

sábado, 9 de fevereiro de 2013

O canalhismo grande


Nada mais justo que após uma semana na labuta, o bom trabalhador brasileiro acorde na sexta-feira com uma alegria maior. Os caras fazem planos, combinam as saídas, as bebedeiras e etc; as pequenas vão ao salão fofocar e claro, se embelezarem para a noite. E o ar de felicidade é geral, tanto nas ruas, como por essas bandas do facebook. E ontem, foi talvez a melhor sexta do ano, pois os foliões já fitavam os quatro dias de carnaval. A melhor sacanagem já inventada pelo bicho homem.

Depois de fechar a bodega, desço pra rua e caiu nos braços da folia, já pedindo a benção ao nobre deus Dionísio. O asfalto começa a ser tomado pelos personagens, e de ridículos a interessantes, olhamos para Joaquins Barbosa, Enfermeiras, Policiais, Bambans e Pedritas, Hulks, Smurfetes... Paro na Cinelândia para comprar uma cerveja, e vou à Lapa.

Pouca gente, era cedo, ainda mais pesando o fato de que ontem não teve show, nem bloco até certa hora. Bebo umas e outras, banheiro. Em que pese a boa vontade do nosso querido-odiado Prefeito, para evitar que a turma ande soltando urina no meio das ruas, sempre há uns e outros que não têm bexiga, e fazem onde bem querem.

E como o brasileiro, o povo, adora uma bagunça, uma zona. Ontem a mulherada estava usando, também, o banheiro dos homens. E no meio de bêbados foliões, a putaria estava instalada. Não vi justificativa para as mulheres usarem o banheiro masculino, pelo menos naquela hora, não havia tanta gente nas filas. Depois disso, foi só sacanagem, era homem entrando com homem, mulher com homem, mulher com mulher, e por aí vai.

Mas quando a coisa apertou, surtei pra casa, porque banheiro que se preze, só o nosso mesmo.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Você meu bem, você é meu bem, e suas coisas também. Não só por fazer sexo bom, trepando um no outro, mas há outras coisas. Sempre depois, te vejo deitado fumando seu cigarro, e você olha pra merda do teto querendo que eu saia feito puta. Não sou uma puta, dessas que você ouve, come, ouve e manda ir embora! Gosto de ficar aqui, dormir na mesma cama, sentir os cheiros, ficar olhando tuas poucas coisas... É bom, as vezes é tão bom quanto a trepada, sabia? Mas o melhor é quando você me acorda com uma caneca de café, bem preto, forte e quente. E enquanto eu bebo, você me chupa e beija toda, me deixando languida, doida pra trepar de novo.

Indo e voltando







Imaginando milagres, pois milagres não existem.

Foto: O Passeio e o Público.



Bela luz que ilumina
Espetáculo e fachada
A praça toda em silêncio
Estava quase lotada
Alguém que ia passando
Outro alguém fotografando
Na Cinelândia sagrada.

Feito em pedaços

Minha pequena te digo
Em sete versos rimados
De tanto que me espalhei
Coração tá em pedaços
E a distância nem é grande
Pra te encontrar num instante
Ando eu em largos passos.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

O minuto da fama



Algo que impressiona hoje em dia é essa loucura de querer aparecer. Todos querem ser reconhecidos no meio da manada. E tem até louco se passando por famoso para galgar o sonho. E sai a publicar textos assassinando Arnaldo Jabor, Clarice Lispector... E a lista é longa. No meio fotográfico não é diferente. Fotógrafos amadores correm atrás de uma imagem para vender ao jornal, por migalhas, diga-se, para ter seu minuto de fama, e por aí vai.

Mas no caso de fotos, as vezes vejo acontecer coisa contrária. Um sujeito tem sua fotografia publicada na rede, mas corre atrás para que seja retirada, ainda processando o idiota ladrão. Claro, nada mais justo. Já vi muitos casos em fóruns, e hoje, mais uma vez, algo parecido.

Uma pessoa abriu um tópico relatando que entrou na internet, e como de costume, foi procurar uma foto de sua autoria no google. Porra! O cara aparentemente gosta de fazer fotos, e por mais desleixado que seja - meu caso-, tem uma conta em algum lugar com seus arquivos, não fica procurando no google. Para surpresa do menino, eis que sua foto estava publicada num site, e sem o devido crédito. E o bobinho lá, perguntando o que fazer.

Ora menino inocente, em primeiro lugar, vá à merda! Você acha que foi roubado e que o ladrão ganha uma grana usando sua imagem? Procure um advogado, processe, solicite ao idiota ladrão seu crédito, sua grana, ou que ele retire a foto, basta. Mas não esquece, se pedir apenas para ele creditar a autoria, agradeça por divulgar, ok? E por favor, vá chorar na barra da saia da sua mamãe.


Foto: Cinelândia, em dia de Cordão do Bola Preta/2013. E por falar em fama, dizem por aí que ano passado o Bola amarrou o Galo, e ultrapassou a ave em número de foliões.

domingo, 3 de fevereiro de 2013

Ao tudo que era meu e nada me resta



Rejunto os cacos e o pó, me refaço, e desfaço tudo que me desfez. Frio e lento, caminho com pernas cansadas de ancião e sua artrite, que insiste em querer me parar. Mas não posso parar, não posso querer o luxo da desculpa banhada de dor e medo. Não, não quero.

E vou por aí, procurando existir no meu mundo, criando minhas coisas e dando sentido aos retalhos em minha frente. Pois só aquilo que dou sentido, é aquilo que me faz existir e sentir. Abanando a poeira que não fede nem cheira, vou subindo a ladeira da vida, em destino traçado de incertezas. E se é feliz ou triste, não importa, só me basta ser vivido.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

O Dia dos Infernos





Há dias que a chuva não dava trégua por essas bandas. Mas desde ontem, o queridinho Pedro resolveu fechar a pinta por aqui. E se instalou a festa no Largo da Carioca. Alguém usando patins e imitando o finado dono da terra do nunca; outro fazendo pose de estátua, todo pintado; um sujeito com uma bicicleta em que o guidão é solto, oferece 50 Dilmas para quem andar na magrela, e por aí vai... E como não poderia faltar, estava lá, ele, o cristão louco, a porra louca que urra a merda que deveria sair pelo rabo.

O sujeito de quem falo, é esse baixinho aí no canto. Tanto lugar na praça, e o tal resolve instalar sua placa ao lado de uma banda dos nossos irmãos da Argentina (por sinal muito boa, que toca música instrumental, mas isso é assunto pra outro post)? Mas para antecipar o dizer do seu cartaz, ele queria começar o inferno aqui.

Longe de mim querer ouvir o maluco, inda mais tentar fazer qualquer tipo de interação com o tal, mas não pude me conter. Tentei não prestar atenção na sua voz que saía de um falante pendurado em seu pescoço. E ele lá, soltando tanta bobajada, que faria qualquer Jó perder as estribeiras: muitos são chamados, mas poucos escolhidos, porque vocês não prestam nem pra fazer sabão; eu acho é pouco esse pessoal que morreu na boate, estavam fazendo coisa do demônio; e blá blá blá. Vez por outra alguém passava por ele e dizia alguma coisa.

Eu na minha, estava encostado num poste com uma lata de cerveja na mão e um cigarro na outra e ele solta: vocês que bebem cerveja e fumam maconha, acham que vão para o céu? Vocês não valem nada, estão todos mortos... Foi a gota. Minha putice que já estava transbordando por conta do comentário sobre o acidente na boate, foi pra puta que pariu. Não pude me conter, fui até o calhorda e mandei um belo vá toma no olho do seu cú.

Comprei um CD da banda argentina, fiz uma foto deles, depois uma do idiota e zarpei. Mas lá fui, e pensando no tal inferno e nas pessoas legais que vou encontrar por lá, sorri.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Nadismo

Há uns dias estava no centro da cidade em companhia de uma pequena, daquelas legítimas nascidas de minha nobre costela. Era hora do almoço, e assim fomos papar. Depois paramos nas escadarias do Teatro Municipal. Um tempo passou e veio a mudez. E ali sentados (na verdade eu estava em pé fumando um cigarro), ela diz:
- Porra, que coisa boa. Nem sei há quanto tempo faço isso, ou não faço.
- Mas não estamos fazendo nada.
- Exatamente, nada! E que coisa boa é não fazer nada. Alias, nem é não fazer nada, não é? Mas ficar olhando a rua, as pessoas, essa coisa toda. Só pensar... Lembrei daquele papo de ócio criativo, sabe?
- Já ouvi falar. Acho que chamam isso de nadismo. Essa coisa de ficar parado prestando atenção, feito coruja ou gato.
- Coruja, gato, gostei. É por aí mesmo. Ah, lembrei daquela música "mania de você", da Rita Lee, conhece?
- Sim. E agora vamos sair da parte do não fazer nada.
- Sacana filho da puta! Cantada barata pra cima de mim? Mas vamos, que agora eu só quero deitar e rolar com você.

sábado, 26 de janeiro de 2013

A minha solidão, que é minha



Gosto da minha solidão, do meu silêncio. Gosto de olhar a vida, quieto. E na madrugada, na calma da madrugada, tudo me parece melhor. Me sinto meio guarda noturno, ouvindo o grito e sentindo o passo dos loucos. Minha rua da vida não é vazia, mas é quieta. E ela me diz tantas coisas, mas sem o som de qualquer palavra.


Foto: Cinelândia/RJ.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Que se foi, que se vá, mas fique


É difícil decorar um rosto, mesmo daquelas que sofreram uma paquera enquanto vamos de um lugar para outro. E entramos, saímos, indo e voltado de tudo que é lugar. Mas há algo de sempre bom, e é estranho. São conversas, músicas, gestos, toques, cheiros, e tudo mais que nos sobra. Não um rosto, nem porto, mas uma simples lembrança, que pode ficar pra sempre.

Os excluídos

Com exceção do home-hétero-branco-ateu-trabalhador, todo ser vivo tem seus defensores. Criança, adolescente, mulher, velho, negro, índio, homo, preso, religioso, mico-leão-dourado, pau-brasil, arará azul e o cacete... Todos são defendidos por uma ONG, Sindicato e uma sorte de grupos dos mais diversos. Nada mais justo, claro, visto que são pessoas que sofrem algum tipo de preconceito, maltrato ou coisa parecida. Mas aí aparecem os filhos da puta (sempre), para se aproveitar da nobreza de seus defensores e de uma mídia que só quer vender notícia. E viram notícia, quando por quase sempre, atrás de uma indenização. Basta uma bicha morrer que todo mundo diz: morreu porque era bicha, isso é homofobia, e blá blá blá. E se um negão não conseguir o tão sagrado emprego? Ah porra, só não consegui porque sou negro. Sem falar do pessoal que faz comédia, quase nada podem falar. E por aí caminha a humanidade.

De uns dias pra cá, tomei nota de três notícias, em que os coitados, foram lá chorar suas pitangas na barra da saia dos outros.

1- Um casal de lésbicas estava a mordiscar e bebericar umas e outras num restaurante na Lapa, e entre tais, trocaram um beijo. Segundo conta uma das ofendidas (deve ser a que faz o papel de macho), um sujeito chegou junto e pediu para elas saírem do local. As duas indignadas foram à delegacia, e entre papo furado e boletim: não se sabe ao certo quem é o sujeito; o dono do restaurante não reconhece ninguém com a descrição dada por elas, muito menos o tal cara consta na folha de pagamento; e outra, a velha e boa Lapa dá de dez em Sodoma e Gomorra, aceita até padre beijando puta, imagina duas mulheres?

2- Um delegado solta no Twitter que alguns de seus subordinados não estão dando conta do recado, inclusive os homens. Mas o danado tomou na lata porque falou: das 14 mulheres sob meu cacete, apenas uma é um macho de verdade. Pronto, o coitado foi exonerado do cargo e vão encher o saco dele até não quererem mais. Porra! Creio que ele estava falando com relação ao físico, ao dia-a-dia, ao lidar com toda qualidade de cabra safado, bandido, etc. E cá pra mim, isso é coisa de homem, caso contrário, não haveria sentido da famosa Lei Maria da Penha. Ah, um detalhe. Isso me fez lembrar da deliciosa Demi Moore no filme Até o Limite da Honra, em que ela protagoniza a Tenente Jordan O'Neil, que vai lá fazer o treinamento no grupo de elite da Marinha Americana, que pelo que sei, deixa o nosso querido Capitão Nascimento com inveja.

3- João e Maria, casal de brancos, em um belo dia de sol, juntamente com seu filho adotivo e negro (7 anos), vão à uma concessionária da BMW aqui na Barra da Tijuca, pois querem trocar o seu possante. Lá chegando, largam o menino em meio aos carros e vão conversar com o vendedor. Daqui a pouco, o danado do menino vai chegando junto dos três e o vendedor solta: ei menino, vaza que isso aqui é uma loja de carros, vai procurar tua turma. A mãe indignada e tomando as dores do filho, pega o menino pela mão e sai voando da loja, e o vendedor, correndo atrás sem saber o que fazer, fica a ver BMWs encalhadas. Chegando em casa, ela abre uma Fan Page por essas bandas com o título: "Preconceito Racial Não É Mal-Entendido", que já conta com mais de 80 mil seguidores. Puta que pariu! O cara quer vender um carrão de sei lá quantos mil reais, ganhar sua comissão e torrar a grana com a pequena, mas ao invés disso ele prefere tirar onda com o menino negro? Só se for muito idiota!

Claro, não sou contra a defesa dos injustiçados, como falei acima, é justo que haja quem os defenda. Mas mais justo, é defender quem realmente merece, é levar isso a sério, e não essa putaria em que qualquer coisa gera uma histeria sem sentido algum.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Foi e voltou.

O amor sempre perde, pois sempre acaba. Mas para o bem de todos, ele sempre volta.

Eu espero e gosto

Com exceção da  Nicole Kidman no filme De Olhos Bem Fechados, e uma namorada que tive por volta de dois mil e alguma coisa, toda mulher demora a se arrumar. Não importa se vai ao cinema ou casamento, a espera é certa. Isso é coisa que o homem não gosta, não suporta, principalmente se o sujeito está esperando a namorada na sala junto ao sogro, que assiste a um programa qualquer e pensa: porra, esse carinha anda a papar minha filhota. É tortura, e das grandes. Mas quando se casa, ou junta os panos de bunda, se amanceba, a coisa muda de figura. Passamos de meros esperadores, a um voyeur. E aí começa a maravilha de espetáculo.

Quando ela liga o chuveiro, é hora de desligar a TV e acomodar na cama. Se a pequena deixa aporta aberta, melhor ainda, pois o som da água descendo e o cheiro do sabonete misturado ao shampoo tomam conta do quarto. Após o banho, ela entre no quarto soltando a toalha molhada em cima da cama e vai ao guarda-roupa, depois passa em frente à cama só de calcinha, e você lá, estátua. Com um hidratante na mão, começa o ritual cremoso, cheiroso e gostoso. Quanta delícia pode haver numa mulher passando hidratante? Muitas, tantas! Volta ao guarda-roupa e pega um vestido, veste, fica em minha frente e pergunta se ficou bonita. Digo que sim, mas ela nunca vai com o primeiro vestido, ou segundo, ou terceiro. E diante de tantas colocadas e tiradas de roupa, me sinto um garoto a olhar por buracos de fechadura.

Por fim, cabelo, maquiagem e perfume no banheiro, e é nessa hora que vou tomar banho, deixo o box aberto, chuveiro caindo pouca água, e fito em cada detalhe, pois a noite só está começando e ela não calçou nem o sapato.

sábado, 19 de janeiro de 2013

Ao Amigo




As vezes eu nem te ligo
e nem as vezes, quase sempre
mas você é meu amigo
ou são meus amigos.
Em datas especiais
me faço calado
mas sei de você
estou contigo.
Aqui no peito coração bate em ritmo lento
dançando a valsa da vida.
É afeto meu querido
é pensamento bonito.
Sabe daquelas nossas histórias?
Porra! Tantas histórias.
E você nunca quis nada de mim
nem eu de você.
Tudo flui calmo
em sua hora
e as vezes a gente não entende a hora
nem muito menos as coisas.
É assim mesmo meu amigo.
Nunca me senti rogado,
e nem me senti te traindo
pois sei do nosso afeto
que é um tanto bem quisto.
É respeito, é amor
é coisa sem compromisso.
As nossas galhofas e lagrimas
tudo muito tão vivido.
Nossas lutas e vitórias
e as derrotas?
Você me deu colo
e em teu colo, eu partido.
Divido contigo amores
dores, tristezas e sorrisos.
E para mim, você é muito
tudo que eu possa chamar de afeto
querido, amado e meu amor de amigo.

Para lavar














Para lavar cabeça, sinceridade
Para lavar mãos, consciência
Para lavar joelhos, perdão
Para lavar pés, dignidade
Para lavar corpo, amor.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Eu e ela



Lembrei de mim e de você. É bom, é mar, é coisa bacana que a gente sente. Sabe aquele dia que a gente brincou sem medida de nada? Bingo! Nossa felicidade sincera, e a gente curtiu, até o cansaço. Sempre trago essa lembrança para me sentir melhor, mais eu, mais sincero e tão puro feito algodão banhando em água de mamadeira. E a gente se perdeu, mas tenho você sempre comigo, e isso tira meu medo, por ter você cuidando de mim.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Translendário

Em sua 2ª edição, o translendário (calendário ilustrado com imagens de travestis) será lançado por um grupo de travestis de Fortaleza. Ano passado o tema foi 'imagens sacras', esse ano será 'símbolos religiosos'. Segundo o idealizador do projeto, Silvero Pereira, "o objetivo do calendário não é causar confusão, mas inserir os travestis na sociedade", e o traveco questiona: "Por que um travesti não pode ser associado a uma religião?".

Puta que pariu! Vai falar merda pras tuas negas, Silvero, ou negos, ou sei lá que porra são vocês. O traveco quer se associar a uma religião? Ele que procure uma que o aceite, se não existe, crie. Mas isso ninguém quer fazer, o negócio é bagunçar o que já é bagunçado, aparecer e sair por aí dizendo que sofre preconceito.

Como se não bastasse, o grupo também criou a "Nossa Senhora Protetora das Esquinas", santa protetora dos travestis que se prostituem nas esquina do nosso querido Brasil.

Uma das imagens do translendário de 2013 é a "deusa dos incubados", que foi inspirada no Thor. Puta que pariu de novo! É pena o Thor não descer por aqui e socar o seu martelo no rabo da travecada cearense. Pensando bem, melhor não, afinal, é disso que eles gostam.

Fonte da reportagem: G1

Eu e ele

Ele chorava de soluçar, um choro desconhecido, um choro carregado de tudo que ele não sabia o que era. E nos meus braços, ninei seu choro, e me senti um super-herói.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Femen e o BBB


Na última terça-feira foi a estréia do programa-que-você-sabe-qual-é-mas-não-pode-dizer-o-nome, e como se não bastasse o show de peitos e bundas da biscaitada participante, três mulheres do Femen Brasil fizeram um protesto contra a "alienação social causada pelo programa". Foram ao shopping onde a "casa de vidro" do tal programa encontra-se instalada, e mostraram seus peitos murchos. Puta que pariu!
E se a moda pega, daqui a pouco a gente começa a ver por aí Kid Bengala com seu mastro de ébano, e na frente dele, a turma que senta no kibe e seus fulecos. E todos a defender causas nobres, sem roupa, sem lenço, sem porra nenhuma, mas em nome da felicidade geral da nação.
E lembrei agora de uma frase do Xicó (Auto da Compadecida), "do jeito que as coisas tão, eu num me admiro mais de nada".

terça-feira, 1 de janeiro de 2013

Amor do meu amor

Meu amor, já me perdi em você, e para você. Lembrei daquela noite, nossa primeira. Uma garrafa de rum e o violão. Nem ouvi direito as cordas, só fitava sua boca com tanto desejo, terminei me perdendo em ti. E me perdi mesmo, toda, e você se aproveitou de mim, da maneira como quis.
Você é uma pessoa que faz a gente se perder, e me perco, mas sei que muitas já perderam o rumo contigo. Nunca esqueci você, mesmo! Quase sempre aqui comigo, teu gosto, teu sexo, teu cheiro e tuas manias chatas, que tanto não gosto, como gosto.
E hoje acordei n'outro ano, e penso em você, puta que me pariu! E nada de planos, e nada de nada. Apenas aquela vontade de deitar você nas minhas pernas, e dizer que te amo, ou te mamo, sei lá.