quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Nadismo

Há uns dias estava no centro da cidade em companhia de uma pequena, daquelas legítimas nascidas de minha nobre costela. Era hora do almoço, e assim fomos papar. Depois paramos nas escadarias do Teatro Municipal. Um tempo passou e veio a mudez. E ali sentados (na verdade eu estava em pé fumando um cigarro), ela diz:
- Porra, que coisa boa. Nem sei há quanto tempo faço isso, ou não faço.
- Mas não estamos fazendo nada.
- Exatamente, nada! E que coisa boa é não fazer nada. Alias, nem é não fazer nada, não é? Mas ficar olhando a rua, as pessoas, essa coisa toda. Só pensar... Lembrei daquele papo de ócio criativo, sabe?
- Já ouvi falar. Acho que chamam isso de nadismo. Essa coisa de ficar parado prestando atenção, feito coruja ou gato.
- Coruja, gato, gostei. É por aí mesmo. Ah, lembrei daquela música "mania de você", da Rita Lee, conhece?
- Sim. E agora vamos sair da parte do não fazer nada.
- Sacana filho da puta! Cantada barata pra cima de mim? Mas vamos, que agora eu só quero deitar e rolar com você.

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