sexta-feira, 5 de abril de 2013

Vanessa

Ontem resolvi ir à casa da Vanessa, e nem pensei muito, há tempos que não aporto por lá. Ela nunca atende a porta na primeira batida, mas dessa vez demorou mais que o normal e resolvi mandar um SMS, de repente nem tá em casa, vai saber. Ela responde: tô no banho, a chave no lugar de sempre. Entra e abre uma garrafa de vinho que não demoro.
Há tantas coisas boas para a gente abrir na vida, uma carta, uma porta enquanto esperamos o outro bater e por aí vai..., mas duas estão no topo do desejo, e que sei bem abrir, e gosto, garrafa e um belo par de pernas morenaças.
Entro e lá vem o bichano, o nome dele é Toma. Já vem o Toma todo curioso, caçando o que tenho nos bolsos, mas vai embora, pois nos bolsos nada, mas nas mãos só desejos pela Vanessa. Vou pra cozinha pegar o vinho e copos.
A cozinha da Vanessa é foda, bagunçada pra caralho. Uma mesa com duas cadeiras, meia cebola na geladeira e uma garrafa d'água, mas sempre tem uma bebida lá por dentro. Pego a garrafa do velho tinto barato, abro com uma facilidade, como criança que abre um bombom, encho meu copo e vou pra sala.
Acendi um cigarro, liguei o som e play, Leonard Cohen cantando "brid on the wire". Lembrei de uma foto que fiz certa vez que estava em Brasília. Uns pássaros pousados num fio cantavam pra mim, e se pusesse uma clave de sol, era algo triste, como o Cohen e sua voz meio fúnebre.
Ela abre a porta do banheiro, e junto com os passos, lá vem aquele cheiro delicioso de sabonete misturado com shampoo e a voz deliciosamente meio rouca: seu filho da puta, canalha!
Entre garrafas de vinho e outras coisas, trepamos. Ela dormiu nua, linda, e eu aqui na janela fumando um cigarro, ouço o rádio do vigia, que na calçada do vizinho, dorme como um bêbado.

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