sábado, 24 de novembro de 2012

E antigamente era assim


Essa semana li a seguinte notícia: "Tablets para educação começam a ser distribuídos no Brasil, e chegam às escolas públicas em 2013". Lembro que num passado não muito longe, o Governo distribuiu computadores aos professores e alunos da rede pública, e esse papo do tablet acho que surgiu esse ano. De inicio, só os professores irão receber, para aprender a usar, e só depois o aluno ganha o seu. Mais um ato da tão falada e assustadora "inclusão digital".
Em que pese as justificativas dadas pelo MEC e seu Ministro, é de se questionar, sempre, qualquer intenção do Governo com relação ao povo. Para a distribuição dos tablets, elas caminham desde a facilidade na distribuição de conhecimento, passando pelo aluno que poderá ser autor e não um mero recebedor de conteúdo, até o fato da prova aplicada pelo professor ser corrigida automaticamente. Puta merda! O brasileiro é preguiçoso mesmo. Além de aplicar uma prova qualquer, ela precisa ser corrigida automaticamente pelo tablet. E por outro lado, as editoras choram por pensar que não irão imprimir mais livros didáticos, e claro, não ganharão seu punhado de dinheiro justificado por licitações fraudulentas. Mas claro, a quem comemore, as fábricas dos tablets, principalmente a Positivo.
Penso que nós não somos preparados para receber esse tipo de bônus. O aluno da escola pública (e também da particular, não?), em sua maioria, não quer um tablet para ter conteúdo, não quer produzir nada, não quer estudar, não quer ler um texto com mais de três linhas (imagine um livro), imagine ainda, sentar a bunda na cadeira e pensar para produzir algo, não simplesmente compartilhar uma foto juntamente com um texto de algum famoso, e sem nem saber se o texto é do tal famoso? O alunado de hoje vai pegar o tablet, não para estudar, para produzir, nada! Sairão em bando para fazer foto de festinha, postar um monte de merda no facebook, jogar conversa fora, viver sua liberdade de "expressão" idiota, e o pior, totalmente acolhidos pelo MEC, que sinceramente, penso que caga pra educação, só pode.
Vejo todos os dias no ônibus os alunos da rede pública indo pra lá e pra cá, e ao passar a roleta tiram a camisa do colégio (aqui aluno tem que usar a camisa do colégio para não pagar passagem), e descem no centro. E aportam lá para estudar? Porra nenhuma, vagabundagem, isso sim! E não é minoria, e não acontece só aqui no Rio. Meus últimos sete anos de estudo foram em escola pública, isso em meados da década de 90, e sei bem como a manada se comporta. E hoje é pior, basta futucar meia horinha o facebook  e ver o pau, porque a cobra morreu faz tempo.
Daqui a pouco as escolas públicas serão construtivistas (outra merda), e também se tornarão centros virtuais com aulas gravadas em vídeo, igual a essas tantas universidades espalhadas por qualquer beira de esquina, que não forma quase ninguém, vendem diplomas. E não há motivo para exigir muito do alunado, afinal, para entrar em qualquer na universidade de merda, basta pagar.
Que saudade do velho e bom método decoreba, da tabuada, da redação feita na mão, e de tantas outras coisas, inclusive do cheiro da almondega que era servida na escola pública que estudei meu primeiro grau. E a cada ano ouviremos mais gritos e mais gritos fazendo música, para que possamos dançar no meio das marchas, feito vadios que somos.
Mas quando o MEC começar a distribuir tablet, serei o primeiro a rasgar meu diploma, me matricular numa escola pública e pegar o meu. Sou filho do diabo, e também quero brincar.

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