sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Que saudade do cinema na rua


Desde que me entendo por gente gosto de filme. Se no ano de 78 existiu um drive-in em João Pessoa, tenho quase certeza que fui feito por lá. Lembro quando meu tio Júnior comprou um vídeo cassete, sei lá qual o ano. O vídeo tinha controle remoto com fio e tudo. Todo final de semana íamos a uma locadora chamada Center Som/Center Vídeo, ficava na Praça da Independência. Era uma maravilha escolher os filmes e ir para casa do meu avô assistir.
Depois comecei a ir ao cinema, e sempre fui muito. Em João Pessoa adorava o Municipal, que hoje infelizmente virou uma igreja dessas de arrancar dinheiro do pobre coitado. O Plaza também fui tantas vezes, e lá rolava até uns filmes de putaria. Acho que o Plaza deu lugar a uma loja de sapatos, e pensando bem, o Plaza deveria ter virado a Igreja. Havia outro cinema no Hotel Tambaú, mas fui poucas vezes lá.
Depois apareceu o Cine Rex Manaíra, com apenas duas salas, que mais pra frente virou Box Cinema, com mais algumas salas. Nasceram também os cinemas no Mag Shopping e Shopping Miramar. Lembro que por várias vezes cheguei a ver todos os filmes em exibição. Nessa época ia ao cinema quase sempre sozinho.
Com o tempo, fui perdendo o tesão por cinema, não por filmes, claro. Tinha tudo em casa e o cinema foi ficando chato, muito barulhento, cheio de celulares, pipocas e etc, além de ter que ir ao shopping para ver um filme. O último filme que vi foi Tropa de Elite 2, dois anos atrás. Mas me rendi, e ontem assisti Gonzaga - de pai pra filho.
Quando vi o anuncio do filme, pensei em assistir na telona, e a vontade passou logo. Mas na semana de estréia rolou uma promoção aqui no facebook: escreva uma história contando como você conheceu a música do Rei do Baião, e concorra a um ingresso. E não é que ganhei. Como trabalho bem próximo ao Cine Odeon, pensei que seria perfeito. Sairia do trabalho para assistir. Ao chegar por lá, doce ilusão. O Odeon não aceita convites. Fiquei puto, quase rasguei o papel, decidido a assistir no meu sofá, com uma lata de cerveja na mão. Deixei quieto, pus o convite no bolso e tomei rumo pra casa. E ontem minha irmã me convenceu a ir, e fui.
Fomos ao Shopping Iguatemi, aqui perto de casa, última seção às 20:45 no meio da semana, deve ter pouca gente, que nada, enfrentei fila para pegar o ingresso, não por conta do Gonzaga, o culpado era o vampiro bicha. Entramos na sala, quase ninguém, maravilha! Sentamos no meio, lugar perfeito. E aí começa a desgraça.
A sala começou a encher de gente, mas isso não seria problema se fosse de gente educada, mas não era. Começa o barulho das pipocas, dos sacos de salgadinhos, das conversas, das luzes dos smartphones e também o filme. Depois de quase uma hora de exibição, as luzes dos phones desaparecem, as conversas diminuem, e o barulho das bocas esfomeadas cheias de pipoca, vai dando lugar ao mais infernal de todos os sons que um ser humano pode fazer, algo que irrita até um surdo, a boca chupando as últimas gotas de refrigerante, e o refrigerante brigando com o ar por espaço no canudo. Puta que pariu! Acho que esse barulho só perde pra o de alguém comendo uma maçã ou chupando uma colher de sopa. E depois disso, não há filme que preste.
Bom, sobre o filme do Gonzaga, é como dizem, as vezes o melhor da festa é esperar por ela.
E cinema? Nem se for o Paradiso.

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